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Oh Sweet Idleness

Chegas de mansinho, caminhando silencioso nas minhas costas. Ouve-se o barulho quente do café acabado de verter para a chávena que preparei num gesto maquinal, antevendo o beijo de sabor amargo que anseio colar-te nos lábios. Sinto o teu olhar por cima do meu ombro, sorrindo face à minha descontracção, ao meu sereno estado de espírito, à perfeição de um quotidiano momento. Encostas-te devagarinho, aninhando-te nas minhas curvas, aquecendo-te no calor da minha pele que se eriça ao sentir-te tão perto. Sussuras-me ao ouvido uma tolice sem importância, palavras que mal oiço e cujo significado deixa de existir mal te sai da boca pois é o timbre e entoação que me envaidece, que me eleva a mente para lá do real, para lá da semântica. Beijas-me o pescoço despido enquanto me abraças com a força da saudade, puxando-me para ti, entorpecendo-me os ossos, desfazendo-me em ternura, liquefazendo-me a energia em puro desejo. Percorres-me a pele visível querendo a invisível, desassogando-me o instinto, desapossando-me da roupa que me cobre o corpo que te quero oferecer. Nua, toda tua, procuro a razão que deixei fugir no teu beijo e tomo consciência de não mais a ter em mim. Arrebatada, dorida de vontade, molhada, imbuída deste querer desesperado, imploro mentalmente que me possuas sem pudor, que me tomes sem rédeas, que me preenchas sem medida. Vergo-me, reverenciando o acto de prazer que desejo cegamente, abro-me para a tua chegada, mostro-te como te quero, mostro-te onde te quero. Aqui e agora, sem demoras, sem hesitações. Sinto-te, deslizando sem esforço para dentro de mim, escorregando sorrateira e habilmente, uma após outra estocada, caminhando sem arrependimento em direcção à união do prazer, em direcção ao grito incontornável das nossas vozes clamando o eternizar do orgasmo no corpo, gastando-o, usando-o, abusando-o, matando-o um no outro.

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